domingo, 30 de setembro de 2007


"Mas é doce morrer nesse mar
De lembrar e nunca esquecer
Se eu tivesse mais alma prá dar
Eu daria, isso prá mim, é viver..."

sexta-feira, 28 de setembro de 2007


(Nem tristeza, nem saudade matam!...)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

"Mas quando a gente vêm à Terra com determinada missão, quando somos encarregados de executar certa tarefa, as coisas já não são tão fáceis. As idéias pré-fabricadas, que os outros manejam tão bem, recusam-se a ficar em nossa cabeça: Entram por um ouvido, saem pelo outro e vão quebrar-se no chão. Causamos, assim, muitas surpresas: Primeiro aos nossos pais. Depois, à todas as pessoas grandes, tão apegadas às suas benditas idéias!"

[ Trecho do livro "O Menino do Dedo Verde", de Maurice Druon ]



quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"



" ... A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.

- Por favor.... Prende-me a ti! - Acabou finalmente por dizer.

- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...

- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!

- E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho

- É preciso ter muita paciência...

... Foi assim que o principezinho prendeu a si a raposa. E quando chegou a hora da despedida:

Adeus...

Adeus - disse a raposa - Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos... "

Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você"

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais...
Eu vou fugir desse marasmo
Eu vou fugir da capital
Eu vou fugir desse marasmo
Eu vou morar no matagal

No mato a gente anda descalço
e pode tomar banho nú

E de manhã fazer chapate
A tarde tomo chimarrão


Se a noite acendo uma fogueira
Eu vou tocar meu violão



(...)


segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Alguns pássaros não são feitos para serem
presos.
Suas penas são brilhantes demais, seu canto é belo demais.
E quando eles voam para longe, a parte de você que sabe que era
um pecado mantê-los presos fica feliz.
Mas ainda assim...
... o lugar em que você vive torna-se muito mais
monótono e vazio depois que eles se vão.


Do filme, Um sonho de liberdade!

domingo, 9 de setembro de 2007


Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento...

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há fôlhas no meu coração
É o tempo...

Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei...

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos...

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto...

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver...

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

* Conta outra *

Conta outra
nessa eu não caio mais
já foi-se o tempo em que eu pensei
que você era um bom rapaz
Corta essa
de querer me impressionar
Coisa boa é Deus quem dá
besteira é a gente que faz

Você jurou pra mim que foi doença
Que te impediu de vir me encontrar
O mundo é bem menor do que 'cê pensa
e ontem já vieram me falar
Que você tava lá
no baile da comunidade
Bebendo e se acabando de dançar
Mas eu não caio do salto
não grito, não falto com a minha verdade
Sinceridade, sai que a fila tem que andar

Conta outra
nessa eu não caio mais
já foi-se o tempo em que eu pensei
que você era um bom rapaz
Corta essa
de querer me impressionar
Coisa boa é Deus quem dá
besteira é a gente que faz

Depois de te deixar na geladeira
eu resolvi te dar colher de chá
é dura a tua cara de madeira
tão dura que bastou eu me virar
E você tava lá
jogando todo o teu feitiço
pra cima da mulherada lá do bar
Mas eu não caio do salto
não grito, não falto com a minha verdade
Sinceridade, sai que a fila tem que andar...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ataque de Quintana...(eu vivo sofrendo disso)


Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

O Auto Retrato

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...


sábado, 1 de setembro de 2007

A vaquinha

Era uma vez, um sábio chinês e seu discípulo. Em suas andanças, avistaram um casebre de extrema pobreza onde vivia um homem, uma mulher, 3 filhos pequenos e uma vaquinha magra e cansada.

Com fome e sede o sábio e o discípulo pediram abrigo e foram recebidos. O sábio perguntou como conseguiam sobreviver na pobreza e longe de tudo.

- O senhor vê aquela vaca ? - disse o homem. Dela tiramos todo o sustento. Ela nos dá leite que bebemos e transformamos em queijo e coalhada. Quando sobra, vamos à cidade e trocamos por outros alimentos. É assim que vivemos.

O sábio agradeceu e partiu com o discípulo. Nem bem fizeram a primeira curva, disse ao discípulo :

- Volte lá, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali em frente e atire-a lá em baixo.
o discípulo não acreditou.

- Não posso fazer isso, mestre ! Como pode ser tão ingrato ? A vaquinha é tudo o que eles têm. Se a vaca morrer, eles morrem !

O sábio, como convém aos sábios chineses, apenas respirou fundo e repetiu a ordem :
- Vá lá e empurre a vaquinha.

Indignado porém resignado, o discípulo assim fez. A vaca, previsivelmente, estatelou-se lá embaixo.

Alguns anos se passaram e o discípulo sempre com remorso. Num certo dia, moído pela culpa, abandonou o sábio e decidiu voltar àquele lugar. Queria ajudar a família, pedir desculpas.
ao fazer a curva da estrada, não acreditou no que seus olhos viram. No lugar do casebre desmazelado havia um sítio maravilhoso, com árvores, piscina, carro importando, antena parabólica. Perto da churrasqueira, adolescentes, lindos, robustos comemorando com os pais a conquista do primeiro milhão. O coração do discípulo gelou. Decerto, vencidos pela fome, foram obrigados a vender o terreno e ir embora.

Devem estar mendigando na rua, pensou o discípulo.
Aproximou-se do caseiro e perguntou se ele sabia o paradeiro da família que havia morado lá.

- Claro que sei. Você está olhando para ela.

Incrédulo, o discípulo afastou o portão, deu alguns passos e reconheceu o mesmo homem de antes, só que mais forte, altivo, a mulher mais feliz e as crianças, jovens saudáveis. Espantado, dirigiu-se ao homem e disse :

- Mas o que aconteceu ? Estive aqui com meu mestre alguns anos atrás e era um lugar miserável, não havia nada. O que o senhor fez para melhorar de vida em tão pouco tempo ?

O homem olhou para o discípulo, sorriu e respondeu :

- Nós tínhamos uma vaquinha, de onde tirávamos o nosso sustento. Era tudo o que possuíamos, mas um dia ela caiu no precipício e morreu. Para sobreviver, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos. E foi assim, buscando novas soluções, que hoje estamos muito melhor que antes.

- Moral da história : às vezes é preciso perder para ganhar mais adiante. É com a adversidade que exercitamos nossa criatividade e criamos soluções para os problemas da vida. Muitas vezes é preciso sair da acomodação, criar novas idéias e trabalhar com amor e determinação. É preciso, empurrar a vaquinha!



Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


Carlos Drummond de Andrade